sábado, 29 de maio de 2010

Que bela sopa!

Roberto Camargo

Com a chegada do frio, o prazer de saborear um prato quentinho à noite é algo pra lá de especial. A cidade tem opções para quase todos os gostos, das tradicionais pizzas até a requintada culinária dos restaurantes especializados. Pra quem prefere uma boquinha em ambiente aberto, mais informal, a Feira da Lua oferece desde pastéis e espetinhos até outros quitutes e iguarias como o tempurá e a picante sopa de feijão chilli. De quebra, se você optar pela quarta-feira no Zerão, dá pra assistir a um filme brasileiro exibido pelo SESC.
E, já que falamos em sopa, para quem gosta de variar sem mudar de gênero, o Barraco da Sopa serve quase 20 tipos de caldos, além de uma variada carta de vinhos nacionais e importados. Tudo isso em um ambiente aconchegante, decorado com bom gosto. Ah, você pode pagar com seu cartão de crédito.
Se existe um prato bem antigo, acredite, esse prato é a sopa. Impossível precisar sua origem, porque ela surgiu em diferentes momentos e lugares. Na verdade, tomamos sopa desde que aprendemos a usar o fogo para amolecer e dar mais sabor às carnes, raízes e legumes. Assim, caldos e sopas são a base alimentar de praticamente todas as civilizações. Monges da Idade Média contribuíram para tirar a sopa da marginalidade e aproximá-la da nobreza. Daí para frente, sua aceitação cresceu muito com os toques de sofisticação dados por cozinheiros de diversos países, com ingredientes e temperos os mais variados. O século XX, das grandes transformações, modernizou os métodos para produzir uma sopinha. Produtos enlatados ou desidratados são hoje muito fáceis de encontrar. Alguns têm a mesma aura de modernidade de uma coca-cola – a Campbells que o diga!
Do que mais precisamos para nos render às sopas? O aval da medicina, é claro! E aí não faltam motivos para sorver aquele caldinho bem temperado. Alimento de fácil digestão, com alto poder de hidratação do organismo e fonte de incremento calórico. Uau! Isso pra não falar do valor nutritivo, que vai depender daquilo que se coloca na panela, é óbvio.
Está com água na boca? Então eu lhe convido a conhecer um outro barraco.


A Casa da Sopa Fraterna Benedita Fernandes fica ali na Rua Sergipe, um pouco acima do antigo Cadeião de Londrina. Não há um cardápio variado para os comensais, serve-se um único prato da noite, que pode variar um pouco, de acordo com os legumes angariados. Carta de vinhos? Não, uma água bem fresquinha para acompanhar a comida. O lugar também é aconchegante, não pela mobília ou decoração, mas pelo carinho e boa-vontade dos cozinheiros e garçons voluntários. Ah, ninguém precisa se preocupar com formas de pagamento, porque a comida é de graça. Moradores de rua, mulheres de programa e ex-presidiários, gente bastante necessitada aquece ali seu estômago e seu coração. Uns evitam levantar os olhos, como se devessem se envergonhar de sua condição e do abandono social a que estão sujeitos. Outros conversam animadamente, e parecem transmitir uma confiança muito serena na fraternidade ali vivenciada. A Casa da Sopa não demora muito a encerrar seu expediente, porque seus frequentadores chegam quase todos ao mesmo tempo. Terminadas as refeições e a limpeza, todos voltam para seu lugar de origem, com a diferença que alguns terão mais o que comer em suas casas, enquanto outros estarão aguardando o próximo prato de sopa.

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