Hipertexto: A noite vai ser boa....

Uma boa noite de sono! É disso que muita gente precisa depois da correria diária. Entretanto, trabalhar à noite é uma prática que oferece vantagens. Apesar do desgaste físico pelas noites mal dormidas, a ação empregatícia urbana realizada das 22 às 05h (agrícola das 21 às 05h e pecuária das 20 às 04h) custa ao empregador, no mínimo, 20% a mais que o mesmo trabalho realizado no período diurno.
A Consolidação das Leis do Trabalho, CLT, preconiza que o trabalho noturno é mais “penoso” que o realizado à luz do dia, dessa forma a alternativa só é viável para empregados com mais de 18 anos. A hora noturna equivale a 52’30”.

Danilo Aparecido Mendonça Pereira, 27 anos, trabalhou por 10 anos à noite. Natália Senxexem da Silva, 20 anos, dois meses. Ele no Brasil, ela na França. Danilo com sua família no comércio de frutas e verduras. Natália em um “Café” durante sua estadia de nove meses em Paris.

Apesar das diferenças, os dois afirmam que o trabalho é muito cansativo e diminui a capacidade de concentração para outras atividades. Durante o último ano em que trabalhava à noite, Danilo começou a cursar Serviço Social (UEL), “minha maior dificuldade era acordar cedo e me manter acordado. Eu dormia em média 4 horas por noite, começava a trabalhar às 04h e ia até às 12h. E durante à tarde eu tinha muito sono, se não dormisse, eu sentia muita dor de cabeça”, conta. “Você fica totalmente com a cabeça pesada e sem ânimo para realizar outras tarefas. Eu trabalhava de noite por necessidades financeiras e porque surgiu a oportunidade de um trabalho diferenciado do outro da manhã. Minha maior dificuldade era pra levantar no outro dia para ir trabalhar”, completa Natália.

Natália Senxexem trabalhava em empresas durante o dia e dedicava outras nove horas e meia ao trabalho noturno. “Nas empresas, eu não iria conseguir outro trabalho durante à tarde, por exemplo. Eu ganhava por hora. Ainda que o meu patrão me pagasse pouco, eu ganhava quase três vezes mais do que com o outro emprego”.

.... de tudo vai rolar

O Coletivo Banana Charmosa usa as noites de uma forma criativa: para pinturas e colagens de stickers. “Os Stickers são adesivos, é uma expressão de arte urbana, uma arte oriunda do grafite da cultura hip-hop, são desenhos que são produzidos e copiados em serie, para depois serem colados, diferente do grafite tem uma “vida útil” menor, mas tem suas vantagens ele pode ser colocado em qualquer lugar e sem chamar muita atenção, têm um custo baixo, pois pode ser feito em qualquer papel, também tem stickers de vinil, que é quase o mesmo processo do material de baixo custo, só com diferenciação no acabamento e visual do trabalho”, explica um membro do grupo.

Os trabalhos são realizados por, em média, 12 pessoas e estão espalhados por toda a cidade. As inserções duram toda a madrugada, devido a quantidade de material exposto. Os percursos são percorridos a pé.

E por que Banana Charmosa? Eles respondem: “o nome, pomposo do Coletivo vem de um prato do restaurante universitário, que vai banana, mussarela, presunto e um creme. Precisávamos de um nome, e esse foi o escolhido em meio de vários outros nomes, nomes menos pomposos” brinca.

Muitas vezes, as colagens se confundem com o ambiente em que são publicadas, o que dificulta sua percepção. Em relação às pinturas, o Banana usa também os dias. Já que os desenhos precisam ser ampliados, respeitando às proporções, nos muros e, posteriormente, pintados.

Os stickers colados nas grandes cidades são rapidamente substituídos por outras imagens, anúncios ou camadas de tinta. Ao lado, cópias (autor desconhecido) anexadas no Calçadão Londrinense.

Durante à tarde desta sexta-feira, fotos das pinturas realizadas pelo Coletivo Banana Charmosa foram registradas no centro de Londrina. As pinturas são feitas sob encomenda.